Alta Roda nº 978/328 – 01 /02 /2018
Fernando Calmon |
Ofertas
estão cada vez mais sofisticadas no mercado brasileiro. A chegada do Virtus,
como legítimo representante da nova leva de sedãs compactos anabolizados (que
inclui em fevereiro o Fiat Cronos e, mais adiante, o Toyota Yaris sedã), é
prova disso. O novo modelo da Volkswagen é o que mais oferece espaço interno,
em especial no banco traseiro. Suas dimensões internas e externas estão bem
próximas às do atual Jetta, um médio que só será substituído no fim do ano pelo
modelo 2019 (apresentado no Salão de Detroit), maior que o atual.
Esta coluna não tem por hábito começar a analisar um produto pelo preço.
Costuma ser ponto sensível e fator determinante para muitos compradores. No
entanto, a Volkswagen mostrou certa coerência no posicionamento estratégico entre
seus dois produtos inteiramente novos. As versões de entrada, intermediária e
superior do Polo vão de R$ 50 mil a R$ 70 mil. O Virtus foi colocado entre R$
60 mil e 80 mil. Não por coincidência, o sedã Honda City fica nessa mesma faixa
de preço – entre R$ 61 mil e 81 mil – e convive com o médio Civic. Portanto, há
oportunidades para todos.
Uma das explicações para as variações de preços está na motorização. O Virtus
tem versão de entrada com motor de 1,6 litro aspirado de 117 cv (etanol) que se
enquadra em faixa de IPI maior (mais quatro pontos percentuais). As outras duas
agregam motores turbo de 1 litro, 128 cv (etanol), porém no uso diário se
comportam como um 2-litros aspirado. O torque de 20,4 kgf.m aparece logo a
apenas 2.000 rpm. Faz grande diferença na dirigibilidade e principalmente na
economia de combustível. A marca alemã aproveitou para colocar a versão
intermediária como sua “peça de resistência”, além do que já representa em
geral no mercado.
O novo modelo, como o Polo, destaca-se por agregar tecnologias sofisticadas, a
exemplo do quadro de instrumentos, o manual do proprietário interativo e, acima
de tudo, grau máximo em termos de segurança passiva (também recebeu cinco
estrelas no teste do Latin NCAP e laurel extra por proteção ao pedestre em caso
de acidente). Evidente que isso se reflete em custos maiores e simplificações
foram feitas. Materiais de acabamento pobres, ausência de alças no teto e
descuidos no revestimento do porta-malas (ótimos 521 litros) são alguns
exemplos.
Por outro lado, há pormenores de certa sofisticação nesse segmento – apoio de
braço central com regulagem longitudinal e saídas de climatização para o banco
traseiro – convivendo (mal) com tampa de porta-luvas sem abertura amortecida.
Molas a gás estão ausentes na tampa do porta-malas, mas há braços de
articulação sem interferência com a bagagem. O Virtus também se destaca pelo
estilo equilibrado e menos conservador, embora a parte dianteira seja idêntica
à do Polo, solução de compromisso com o preço final. Seria desejável certa
diferenciação.
Por fim, além das conspícuas vantagens de espaço interno, novas tecnologias e
do modo como freia, acelera e faz curvas, volta a questão do preço. A fábrica
decidiu compensar ao diminuir custos de manutenção e também de reparos, mais
baratos, em caso de pequenas colisões no bem reconhecido critério do Cesvi
Brasil, Centro de Experimentação e Segurança Viária.
RODA VIVA
TOYOTA, ao completar 60 anos de instalação no País, passa a
operar em três turnos pela primeira vez. É para produzir em Sorocaba (SP) o
Yaris, a partir de junho, com lançamento em agosto da versão hatch (sedã, no
fim do ano). A marca japonesa tem perdido um pouco de participação de mercado
por evitar os três turnos. Agora está segura da reação do mercado.
LINHA de SUVs da BMW continuará a avançar na
preferência dos clientes da marca alemã no Brasil. Com a chegada do X2, no
segundo trimestre, e do X7 no fim do ano deve aumentar para 60% a participação
nas vendas. Empresa produzirá o novo X3 em Araquari (SC), onde já aplicou R$ 1
bilhão. Dependendo do programa Rota 2030, o refinado X2 também será
nacionalizado.
ESPECIALISTAS nos EUA acham que as baterias não são
solução definitiva para carros elétricos por várias razões, sempre comentadas
neste espaço. Há inclinação para admitir pilhas a hidrogênio como alternativa
mais viável por resolver o problema de autonomia. Infraestrutura, embora também
cara, encontraria muitos interessados em investir bastante.
OUSAR mais, nova ordem para a Peugeot. Vai dobrar para
500 unidades por mês a importação do 3008 e assim atender toda a demanda por
este SUV moderno, de harmonia incomum entre interior e exterior. Para tal
acrescentou versão Griffe Pack por R$ 154.990 (R$ 9 mil extras). Vem com rodas
de aro 19, novos recursos de segurança e nível 2 de condução autônoma.
CUSTOS de produção no México são cerca de 20% menores
que os do Brasil. Principal fator para o avanço da indústria mexicana na
classificação dos maiores produtores de veículos do mundo, além da proximidade
com Estados Unidos e Canadá. Segundo Alberto Torrijos, da consultoria Deloitte,
México produzirá 5 milhões de veículos em 2020 e será o quinto colocado no
mundo.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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