Alta Roda nº 953/302 – 10 /08 /2017
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Se
o comprador brasileiro demorou um pouco a entender – e principalmente a aceitar
– o conceito de subcompacto, a estreia do Renault Kwid veio para colocar ordem
na casa. Faz mais até do que isso porque seus preços são bastante competitivos,
além de ter fácil memorização: R$ 30 mil, R$ 35 mil R$ 40 mil para versões de
entrada, intermediária e superior, respectivamente.
Bem interessante é o conjunto do projeto de carro acessível, sem muitos sinais
explícitos de inferioridade, salvo alguns poucos itens como rodas de três
parafusos (irrelevante) ou falta de apoio para o pé esquerdo do motorista
(relevante). Guarnições dos arcos de rodas na realidade formam o próprio arco,
substituindo o metal para reduzir peso e ressaltar o estilo “aventureiro” da
moda. Daí a classificá-lo de SUV vai certa distância, apesar de vão livre de 18
cm e bons ângulos de entrada e saída. Na classificação do Inmetro (só para
efeito de consumo) outros modelos também se enquadram como SUVs, sem sê-los na
prática.
A marca francesa investiu em segurança, em relação ao homônimo indiano,
sobretudo reforços estruturais. Quatro airbags (dois frontais obrigatórios e
dois laterais), dois engates para bancos infantis e desembaçador de vidro
traseiro (tudo de série) são importantes. Ainda assim, torna-se o automóvel
mais leve produzido aqui: entre 780 e 798 kg. Considerando a má qualidade de
ruas e estradas, na maior parte do País, trata-se de um feito de
engenharia.
Internamente, destaca-se pelo espaço para cabeça e joelhos no banco traseiro,
embora limitado pela largura (só três crianças sentam atrás) e consequente
incômodo para cotovelos dos passageiros da frente. Porta-malas de 290 litros
permite a melhor acomodação de bagagem nesse segmento. Tanque de combustível
tem 38 litros, mas sem prejuízo de autonomia. Consumos, na referência Inmetro,
são de 14,9/10,5 km/l (gasolina/etanol), cidade e 15,6/10,8 km/l (idem),
estrada.
Em primeira avaliação dinâmica, apenas da versão superior batizada de Intense,
o Kwid demonstrou desempenho condizente. Apesar de potência e torque baixos
para um motor atual tricilindro de 1 litro – 70 cv/9,8 kgfm (etanol) –, a pouca
massa total compensa. A sensação não difere muito de Fiat Mobi, Chery QQ e é
pouco inferior ao VW Up! Nova caixa de câmbio manual é até melhor que a de
outros Renault. A posição de guiar elevada assegura boa visibilidade, um de
seus pontos altos.
A ergonomia é razoável com botões de vidros elétricos de fácil acesso no centro
do painel – sem necessidade de colocá-los nas laterais de porta e duplicar os
comandos. Mas o pedal de freio poderia ter desenho melhor. Limpador único de
para-brisa (pantográfico) mostra eficiência. O carro enfrenta com indiferença
quebra-molas, valetas e desníveis de toda espécie. Relação peso-potência de
11,3 kg/cv e aceleração de zero a 100 em 14,7 s (etanol, segundo a fábrica) estão
dentro do esperado.
Garantia de cinco anos e primeiras três revisões gratuitas formam um pacote
bastante adequado nessa faixa de preço. No caso quem sofrerá mais é o Mobi,
pois o Up! foi deslocado para cima. Também os compactos tradicionais podem ser
afetados pelas limitações atuais de poder aquisitivo. Agora as alternativas se
ampliam.
RODA VIVA
APESAR de notícias de que o lançamento do Polo estaria
marcado para 1º de setembro, a Coluna antecipa: será em 25 de setembro. Assim,
só em outubro chega às concessionárias e disponibilidade plena, apenas em
novembro. Conjunto mecânico foi pré-avaliado, semana passada por jornalistas,
na versão de topo, 1-litro/128 cv (turbo). Dor de cabeça certa para
concorrentes.
JULHO apontou diminuição de vendas de veículos pela
agitação política em Brasília. Assim mesmo, estoques totais subiram apenas um
dia, de 34 para 35 (normal). Anfavea resolveu esperar este mês de agosto (em
geral, segundo melhor do ano) para refazer suas previsões de 2017. Exportações
continuam a puxar a produção: este ano cresceu 22,4%.
AUDI A5 impressiona não apenas pelas linhas esguias e
bastante atraentes. Um sedã-cupê com nível de acabamento que beira o primor.
Motor também entrega desempenho ímpar com resposta em baixas rotações superior
ao anterior. Precisão de direção e rapidez nas curvas faz esquecer que tem
tração dianteira. Houve apenas retoques de estilo, porém convincentes.
APOSTAR em leve atualização visual para manter GLA em
evidência foi opção da Mercedes-Benz para seu SUV de entrada, de forte aspecto
esportivo, ano-modelo 2018. Grade, lanternas traseiras e aplique no painel
podem parecer pouco, mas este modelo ainda está bem atual. Tornou-se
alternativa por lembrar um hatch, fugindo da mesmice de aparência de
outros.
ORÇAMENTOS mais precisos e rápidos, com menos
possibilidade de recálculos que frustram os clientes, estão disponíveis em um
novo aplicativo do Cesvi. Dessa forma, um algoritmo baseado em informações de
mais de 1 milhão de carros acidentados consegue avaliar pela internet danos e
custos de reparação a partir de fotos.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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