terça-feira, 17 de novembro de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista - Quando um relatório esquisito estraga tudo

Wagner Gonzalez


A desclassificação de Felipe Massa no Grande Prêmio do Brasil por questão  de  temperatura em um pneu, no último fim de semana, mostrou que a temporada de caça às bruxas continua firme e forte. Pode haver mais pressão por trás disso do que aquela medida pelos manômetros da FIA.




Tirando o arrojo de Max Verstappen em suas ultrapassagens e as arquibancadas e tribunas quase cheias de lugares vazios, só mesmo a desclassificação de Felipe Massa para gerar algum fato importante no GP do Brasil de F-1 deste ano. Verdade que a segunda vitória consecutiva de um Nico Rosberg pressionado a ponto de pedir que a equipe não conversasse com ele na fase final da prova também foi notável. Mas quando uma medição da Federação Internacional do Automóvel, a FIA, aponta uma leitura bastante diferente das três feitas pela equipe Williams, é difícil não especular.

Qualquer equipe que seja sempre tenta burlar o regulamento no estilo crime perfeito e a Williams não é exceção. Daí a arriscar instalar um pneu cuja calibragem que estivesse 27 °C acima do limite estipulado, seria abusar da sorte. Mais, uma diferença de 32 °C, se considerada a medição alegada Rob Smedley, engenheiro do time inglês, certamente traria uma diferença maior que apenas 0,1 lb/pol² (psi) conforme consta do relatório da FIA. O motivo da desclassificação — temperatura acima do recomendado pelo fabricante e referendado pela FIA — revela inconsistência, pois se a banda do pneu estivesse tão mais quente quanto o indicado, parte dessa temperatura afetaria de forma mais contundente a pressão de enchimento. Mais: é de se perguntar por que não é citada a temperatura do pneu do lado esquerdo, pois é pouco provável que a diferença entre ambos pudesse ser gritante.

Dentro deste quadro três hipóteses se destacam: uma possível cara de pau da equipe inglesa, um crasso erro de medição por conta dos técnicos da FIA ou um novo pulo do gato para burlar o regulamento. No final das contas, o que se vê é uma preocupação demasiada com os pneus, por tabela, o cerceamento à criatividade em um esporte que sempre se destacou pela pesquisa, empírica ou científica, em busca de baixar décimos de segundo por volta, jamais subir um décimo na leitura de um calibrador. Certa de que não está errada, a Williams já confirmou que vai recorrer da desclassificação do brasileiro.

Quem acompanhou a transmissão da corrida pela TV notou a preocupação do diretor de imagem de não mostrar o público nas arquibancadas, exceto em um ou outro momento. A causa disso foram as arquibancadas vazias a ponto de poder comprar ingressos nas bilheterias do autódromo no dia da prova. Não ficaria bem mostrar os lugares desocupados, nem mesmo aqueles de tribunas especiais onde os ingressos são vendidos a peso de ouro. A proposta de manter o evento exclusivo a qualquer custo dá sinais claros de esgotamento, sensação mais nítida quando todos sofrem com a crise deflagrada por uma política econômica questionável e que mantém o País em recessão.

A vitória de Nico Rosberg assegurou ao alemão da equipe Mercedes o título de vice-campeão da temporada: os 25 pontos da vitória o permitiram somar 292, sendo que ao chegar em terceiro lugar Sebastian Vettel chegou a apenas 266, uma diferença impossível de ser anulada com os 25 pontos em jogo na etapa final da temporada, dia 29, em Abu Dhabi. O resultado completo da prova você encontra clicando aqui.

Venham a mim os novos motores
A ladainha sobre novos motores na F-1 está chegando ao fim: às 17 horas de Paris no dia 23 de novembro, dentro de uma semana portanto, encerra-se o prazo para que empresas interessadas em construir um motor alternativo para a categoria apresentem suas credenciais. Isto significa documentação que comprove a capacidade técnica e financeira para construir um motor V-6 de até 2,5 litros e com capacidade de gerar pelo menos 640 kW (870 cv), mas que deverá ter esse índice reduzido para 530 kW (720 cv) em operação de classificação e corrida. Outro parâmetro já definido é o peso de 135 kg. Não foi estabelecido um preço máximo, mas a entidade informou que o valor mais baixo será um diferenciador na escolha da proposta vencedora. Também não há limite de rotação, durabilidade mínima ou fluxo de combustível e tampouco será usada uma solução híbrida. Ou seja, será um motor de combustão interna puro e simples. Outras exigências são sistema hidráulico igual para todas as equipes que usarem o motor e eletrônica embarcada compatível com o ECU e aquisição de dados padrão da FIA.

Por outro lado, está liberado o uso de um ou dois turbo compressores, que funcionarão em limites a serem estabelecidos pela FIA, liberdade de concepção do virabrequim (exceto no seu comprimento), do sistema de válvulas e do escapamento, que todavia não poderá ter tamanho variável.  Para dar assistência na pista serão autorizadas cinco pessoas por equipe e exigidos motores para atender às necessidades decorrentes de uma temporada e 5.000 km de testes.


WG

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