sábado, 21 de novembro de 2015

Mecânica Online por Tarcísio Dias

Sistema que aciona eletronicamente a embreagem permite conforto e economia de combustível na condução

A sua coluna Mecânica Online foi até a cidade de Campinas (SP) para conhecer de perto a mais recente tecnologia de condução em desenvolvimento pela Bosch.

Uma solução intermediária entre a transmissão mecânica e automatizada que pode entre outros benefícios oferecer mais conforto na condução, economia de combustível e deixar no passado os trancos de algumas tecnologias automatizadas atuais.

O sistema denominado Electronic Clutch System (e-Clutch), corresponde ao acionamento eletrônico da embreagem que além de dispensar o tal pedal esquerdo, promete uma economia de combustível que pode ser de 5% a 10% maior do que o modelo de embreagem convencional em um circuito misto entre cidade e estrada.

Com o e-Clutch, o acionamento da embreagem é feito eletronicamente e a troca da marcha é realizada de forma manual. Conseguiu entender? A frase é simples, mas o significado vai mudar seu modo de condução. É você quem muda a marcha, diretamente na alavanca, sem acionamento de embreagem!

O sistema apresenta características de conforto similares à de um câmbio automático, como o Stop&Go (anda e para em situações de tráfego intenso), Hill Assistance (saída em rampa) e o Park Assistance (assistente de estacionamento que possibilita engatar a primeira marcha e a ré sem pisar na embreagem).

Outro diferencial é a economia de combustível por meio do Idle Coasting (embreagem desacoplada), que entra em operação quando o usuário retira o pé do acelerador.
Neste caso, a embreagem abre desacoplando o motor da transmissão (porém a marcha permanece engatada) de modo a aproveitar ao máximo a energia de movimento do veículo e reduzir o consumo de combustível.

A embreagem é reacoplada automaticamente quando o motorista pisa no freio ou no acelerador. Todas as variáveis do motor e da transmissão são permanentemente monitoradas pelo software, garantindo total segurança ao motorista e pleno funcionamento do sistema.

A previsão é que o e-Clutch esteja disponível no mercado em até dois anos, uma vez que pode ser adequado às plataformas dos veículos já existentes. A Bosch não informa quais marcas estão interessadas no sistema.

Entretanto o e-Clutch deve ser um dispositivo original de fábrica, pois não é possível instalar o sistema de acionamento eletrônico da embreagem no mercado de reposição. Além do Brasil, o e-Clutch está sendo desenvolvido e testado na Europa e na Índia.

Prática – A apresentação da Bosch permitiu conduzir um veículo protótipo em sua pista de testes, com todo o sistema instalado, suas variáveis e configurações em tempo real. Durante algumas voltas foi possível avaliar o comportamento do sistema em diversas situações.

A primeira configuração tinha a utilização do pedal da embreagem a partir da segunda marcha, ou seja, para colocar o carro em primeira ou ré, era só preciso posicionar a alavanca da marcha na posição. Para as demais era necessário acionar o pedal da embreagem. Essa configuração não agradou e pode vir a confundir o motorista durante a condução.

A segunda configuração elimina o pedal da embreagem e permite a mudança de marcha a qualquer momento, diretamente na alavanca, mesmo na condição de aceleração do veículo. Não há perda de potência.

Fácil e convincente esse sistema permite o controle total do veículo pelo motorista, que muda de marcha conforme a necessidade da condução e sem que aconteça qualquer tranco, situação que muitas vezes acontece em transmissões automatizadas, mesmo quando em modo sequencial.

A história mostra que a “embreagem automática” já existiu em quatro modelos no mercado brasileiro, como no antigo DKW, que tinha um sistema mecânico chamado Saxomat. Mercedes-Benz Classe A, Fiat Palio Citymatic e Corsa Auto Clutch também ofereceram sistemas semelhantes.

E quando nos referimos que o sistema é intermediário entre o sistema mecânico e o automatizado, vale considerar não apenas os itens/peças envolvidos, mas também o aspecto de preço, que vindo a ser produzido em maior escala terá um custo ainda menor que a opção de transmissão automatizada.

A nossa conclusão, que poderíamos até dizer que a Bosch aproveitou o seleto grupo de jornalistas especializados para fazer uma clínica do sistema, é que a embreagem definitivamente deve ser excluída, trocar marchas diretamente na alavanca garante uma condução mais dinâmica, prazerosa e com controle total do motorista.

PERFIL

Tarcisio Dias – Profissional e Técnico em Mecânica, além de Engenheiro Mecatrônico e Radialista, é gerente de conteúdo do Portal Mecânica Online® (www.mecanicaonline.com.br) e desenvolve a Coleção AutoMecânica.


Nenhum comentário:

Postar um comentário