terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Passado que é o futuro

Nissan lança carro de motor e tração dianteiros para tentar vitória em Le Mans. Brasileiro Ricardo Divila trabalha no projeto. Em Jerez Vettel domina os início dos primeiros treinos da temporada de F1 e em Brasília o automobilismo brasileiro vive novo vexame ao cancelar prova da F-Indy



Anos 1960 e alguns fanáticos lembrarão do GT Malzoni de Norman Casari, simpático cupê de motor dois-tempos, tração dianteira e enormes pneus Firestone Indy no eixo dianteiro e similares mais estreitos nas rodas traseiras, um puro contra-senso, diziam muitos. Aliás, até hoje puristas apostam até a última gota de Castrol R ao defender que “carro de corrida deve ter tração traseira”… Pois bem, a Nissan acaba de apresentar uma proposta que tem tudo e mais um pouco para abalar de vez com essa estrutura e mostrar que a arquitetura da maioria dos carros de alta produção, ou seja, powertrain totalmente instalado na frente do chassi, também tem seu valor.

O veículo que pode se tornar a nova sensação das pistas, o Nissan GT-R LM Nismo, tem todas essas idiossincrasias: o motor VRX 3,0 V-6, com bancadas a 60o, dupla injeção e turbocompressor, está instalado na dianteira do chassi estruturado em compósito de  fibra de carbono e ligado a um câmbio seqüencial de 5 marchas conectado ao eixo dianteiro. Se as quatro rodas BBS tem aro 16-pol., as dianteiras recebem pneus com 13 pol. de largura, quatro a mais que…as traseiras! Se você acha que a conta não está fechando, lembro que esse carro foi projetado para disputar a 24 Horas de Le Mans e o motor de combustão interna ainda tem a ajuda de um sistema de recuperação de energia cinética, o famoso KERS.

Externamente o carro lembra um modelo do já sepultado Panoz e também o controverso Delta Wing. Lembrar que a Nissan já participou desse projeto desenvolvido por Don Panoz ajuda a entender a similaridade entre eles, ainda que nenhum dos dois, porém, chegue perto do radicalismo do GT-R LM, que terá como um dos pilotos em La Sarthe o espanhol Marc Gené. Na equipe técnica registre-se a presença de Ricardo Divila, expoente da engenharia de competição reconhecido em todo o mundo e por demais modesto quando se trata de soar a corneta acerca de seus trabalhos.

A categoria dos Esporte Protótipos ganha fôlego incrível e Shoichi Moyatani  — o presidente da Nissan Motorsport, Nismo para quem é do ramo —, dá a dica que a liberdade técnica, bem maior que na F-1, abre oportunidades de inovação:
“Essa inovação é emocionante. A sustentabilidade é a prioridade em nossa agenda e o regulamento de Le Mans nos dá liberdade para pesquisar novas idéias nessa área. Nosso melhor resultado nessa prova é um terceiro lugar na geral, ou seja, precisamos corrigir isso, queremos a vitória.” Nada modesto, o Miyatani San… 
O desenvolvimento do Nissan GT-R LM não ficará restrito ao asfalto que compreende o ultra-rápido trecho da reta de Mulsanne, também conhecido como a longa reta de Hunaudiéres, um templo da velocidade pura com seis quilômetros de extensão que sucumbiu às chicanes. Torçamos para que a proposta de um novo tração dianteira tenha um fim mais glorioso. A F-1, que nunca correu tanto perigo, torce contra.

Negri cruza o oceano
Autor da pole position para a 24 Horas de Daytona deste ano, o brasileiro Oswaldo Negri vai disputar dois dos dois principais campeonatos internacionais de Esporte-Protótipos. Além do United Sports Cars na América do Norte — onde vai pilotar o Ligier Honda da equipe Michael Shank Racing, Ozz Negri assinou contrato com a Khron Racing, equipe baseada em Houston (Texas), e que disputada a European Le Mans Series com um Ligier-Judd. Existe a possibilidade de Negri disputar a 24 Horas de Le Mans com esse carro.

Jerez volta a receber F-1
Ainda que para uma sessão de treinos livres, o Circuito de Jerez de la Frontera, na Andaluzia, palco de uma das bandeiradas mais dramáticas da história da F-1, voltou a receber o circo da categoria. Desde domingo já são 13 os pilotos que sentiram o gostinho de acelerar os carros que serão usados nas 20 etapas deste ano. Ferrari e Mercedes levaram a melhor sobre a Renault e a Honda no que diz respeito ao desempenho dos motores. Para os italianos, o melhor tempo de Sebastian Vettel no domingo e ontem certamente deu uma injeção de ânimo após uma temporada das mais decepcionantes como a que a Scuderia viveu em 2014. Mais: como a McLaren continuasse a sofrer com problemas (supostamente elétricos) no motor Honda, Fernando Alonso só conseguiu ser mais rápido que seu companheiro Jenson Button — que sofreu do mesmo mal —, e o russo Daniil Kvyat, que literalmente andou com seu carro pelos 4.218 metros desse traçado espanhol.

Para os brasileiros que seguiam a F-1 na época dourada de Piquet e Senna, Jerez traz uma lembrança maravilhosa; no GP da Espanha de 1986 apenas 0,014 s separaram o Lotus de Ayrton do Williams de Nigel Mansell na bandeirada de chegada. Ontem um brasileiro que estreia este ano na categoria, Felipe Nasr, foi o segundo mais rápido: a bordo do seu Sauber C34-Ferrari, ele melhorou o tempo marcado por seu companheiro de equipe e completou 88 voltas (15 a mais que Marcus Ericsson) “sem qualquer problema técnico”. Hoje outro brasileiro vai à pista: Felipe Massa assume o comando do Williams FW37-Mercedes usada por Valteri Bottas nos dois primeiros dias de trabalho. O finlandês comentou que o trabalho foi proveitoso e quando ele se preparou para andar mais rápido a chuva atrapalhou seus planos, claro sinal de sua confiança após duas sessões em que a equipe de Grove cumpriu uma extensa agenda de trabalho.

Vettel diz que ainda é cedo
Vedete dos dois primeiros dias de treinos, Sebastian Vettel não se deixou abalar pelo fato de ser sido sempre o mais rápido e um dos que mais andou; ele completou 148 voltas, número inferior apenas à quilometragem completada por Nico Rosberg, que no domingo fez 157!
“Não dá para comparar nosso tempo com os dos nossos rivais: cada equipe está ocupada com programas diferentes. O que dá para dizer, isto sim, é que temos uma boa base para trabalhar, pois andamos bem no seco e no molhado,“ comentou o alemão.

Se Rosberg andou bastante, o mesmo não aconteceu com Lewis Hamilton: um vazamento de água no motor interrompeu o trabalho da equipe alemã, mas mesmo assim ele registrou a maior quilometragem de ontem (91 voltas), quando o piso molhado e a falta de peças de reposição simularam uma boa dose de precaução e canja de galinha para Daniil Kvyat. Ao escapar da pista por causa de uma poça d’ água, ele acabou estragando o único bico dianteiro disponível. Sem esse equipamento responsável pela maior porcentagem da carga aerodinâmica de um F-1, ele sequer teve seus tempos registrados nas 18 voltas que completou.

No primeiro round daquela que promete ser a melhor briga entre companheiros de equipe no campeonato que começa dia 15 de março, na Austrália, o holandês Max Verstappen ganhou a primeira batalha, auxiliado pelo fato que o espanhol Carlos Sainz Jr. foi o responsável pelo shake-downdo Toro Rosso STR-10 Renault: no domingo ele marcou 1m25s327; ontem o holandês chegou a 1m24167. Pastor Maldonado completa a lista dos que aceleraram ontem: com o Lotus E23-Mercedes ele registrou 1m25s802 num treino que visou basicamente checar o funcionamento dos sistemas principais do carro.
   
1) Sebastian Vettel (Alemanha), Ferrari, 1m20s984 (Segunda)

2) Felipe Nasr (Brasil), Sauber-Ferrari, 1m21s867 (Segunda)
3) Valteri Bottas (Finlândia), Williams-Mercedes, 1m22s319 (Segunda)
4) Lewis Hamilton (Inglaterra), Mercedes, 1m22s490 (Segunda)
5) Marcus Ericsson (Suécia), Sauber-Ferrari, 1m22s777 (Domingo)
6) Nico Rosberg (Alemanha), Mercedes W-06,1m23s106 (Domingo)
7) Daniel Ricciardo (Austrália), Red Bull-Renault,1m23s338 (Domingo)
8) Max Verstappen (Holanda), Toro Rosso-Renault, 1m24s167 (Segunda)
9) Carlos Sainz Jr (Espanha), Toro Rosso-Renault, 1’25”327 (Domingo)
10) Pastor Maldonado (Venezuela), Lotus-Mercedes, 1m25s802(Domingo)
11) Fernando Alonso (Espanha), McLaren-Honda, 1m40s738 (Domingo)
12) Jenson Button (Inglaterra), McLaren-Honda, 1m54s655 (Segunda)
13) Daniil Kvyat (Rússia), Red Bull-Renault, sem tempo(Segunda)


Brasília Indy 300 cancelada
Em uma clara demonstração de falta de planejamento, seriedade e respeito ao público e equipes, a empresa Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal), cancelou unilateralmente a promoção da etapa de abertura da temporada 2015 da F-Indy, prevista para acontecer dia 8 de março no Autódromo de Brasília. Desde o anúncio da realização da corrida, no ano passado, pairavam dúvidas sobre a capacidade de reformar o circuito a tempo, porém as alterações de traçado e instalações do paddock tiveram início. Localizado em uma área nobre da Capital Federal, o autódromo está semidestruído e corre grande risco de ser demolido por completo, tal qual aconteceu com Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Em nota oficial distribuída vários dias após o cancelamento da prova, Cleyton Pinteiro, presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, declarou que  “desde o final dos anos 1980, a Fórmula Indy se tornou um celeiro de pilotos brasileiros e grandes conquistas para o Brasil. Sem dúvida estamos perdendo a chance de ver um grande evento no Brasil.” Vale lembrar que todos os pilotos brasileiros que triunfaram nessa categoria iniciaram suas carreiras no País e o estatuto da CBA dita que a entidade precisa promover o automobilismo e defender os interesses do esporte.

 Presente real
 A vitória dos franceses Sébastien Ogier e Julien Ingrassa no Rali de Monte Carlo deste ano garantiu os primeiro automóvel para os herdeiros do Príncipe Albert II e da Princesa Charlene de Mônaco, o casal de gêmeos Gabriella Thérèse Marie e Jacques Honoré Rainier. Na hora de subir ao pódio para receber o troféu da vitória a dupla saiu do seu VW Polo com uma surpresa que certamente será imitada em outras corridas pela originalidade da ideia. 
https://www.youtube.com/watch?v=wrr8gmDXhWM&list=PLAeJQh0FRTHIGVvsHIkF0l0NqTU31Y2xc

WG

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