quarta-feira, 19 de junho de 2013

Roberto Nasser - De carro por aí

edita@rnasser.com.br - 61.3225.5511 Coluna 2513  19.06.2013

O Salón dos argentinos e as novidades para nós
Argentinos verão, até o 30 de junho, a sexta edição de seu Salón del Automóvil. Iniciativa interrompida pelas corcoveantes crises econômicas do país, nesta série, viabilizada pelo apoio da Adefa, a associação dos fabricantes, expõe muitas novidades. Duas, em especial, relacionadas ao mercado brasileiro, o Citroën C4L e o Ford Focus. Outra, Chevrolet Tracker – aqui, Trax. Mexicano, com posterior montagem local importando componentes coreanos.

Mercado doméstico de automóveis na Argentina varia tanto quanto suas crises econômicas. Entretanto, nada parece relacioná-las, pois o país está num destes períodos, com inflação sub anunciada, proibição oficial de compra de dólares, um incentivo para entesourar a moeda estadunidense. Efeito no varejo, cotação 50% acima do oficial, lojas oferecem descontos para recebe-lo a 1 por 8,5 pesos, criando mercado informal, à prova de incidência de impostos. Parece crise, sugere desvario na condução econômica, mas preve-se venda recordista de 800 mil unidades – Brasil deve arranhar 4M.Dado interessante, o mercado argentino é 1/5 do brasileiro, mas o número de modelos e versões é maior. De GMs, por exemplo, importam Corvette, Camaro e Malibu. De Fiat, Alfa, Abarth, Panda 4x4, 500 L, Dodge Viper. Fossem brasileiros fariam panelaço contra a acomodação do consumidor por não exigir opções em nosso mercado.

Novidades

Apesar da diferença, fazer o Salón em ano ímpar oportuniza apresentar modelos comuns a ambos os mercados ...

Citroën  Uma das maiores referências para nós, novo sedã C4L. Bem composto, ótima administração de espaço interno, confortável aos ocupantes do banco posterior, bom porta malas, opções de motor 2.0, flex, 151 cv e 1.6 turbo, transmissões mecânica cinco velocidades e automática com seis. Concorrente a Honda Civic e Toyota, e entusiasmada previsão de preços entre R$ 60 mil e R$ 80 mil;

 Novo C4 L substitui o Pallas

Chevrolet – Novo Captiva, motorização 2.4, gasolina, 167 cv, transmissão automática ou mecânica com 6 velocidades à frente.Tracker/Trax, menor, motor 1.8;

 Corvette, renascido, aferrarizado, não irá ao Brasil


Fiat sem novidades para nós, sem importar Panda 4x4, Fiat 500L, ou Viper, por sua divisão Chrysler;

Ford  na Argentina faz o Focus, todo mudado, substitui a linha atual. O Kuga, suv sobre sua plataforma, não será lá produzido, mas importado;

 Novo Focus, de novo


Peugeot – mostrou o 4008, utilitário esportivo, sociedade com a Mitsubishi, iniciando importar ao Brasil. Junto, o 2008, meio termo entre automóvel e suv, a ser feito no segundo semestre, sobre a plataforma do 208;

Peugeot 2008

Renault  avant premiére da mudança estética do Logan, brasileiro exportado. Pequeno trato frontal, pintura metálica, num processo de evoluir pela decoração, tirando- o da base de carro pobre.

Logan. Tapa

Outras curiosidades, GM e Peugeot com bicicletas. GM importadas e Peugeot modelos a ser produzidos, assim como ciclomotores, por associado local. Não virão ao Brasil, a Coluna contou há alguns meses. A Peugeot, com auxílio da Pianos Pleyel, deu forma a projeto de seu laboratório.

Chery Fulwin

Os argentinos viram, antes dos brasileiros, o Chery Fulwin a ser fabricado em Jacareí, SP, até o final do ano.

Roda-a-Roda

Mais – Direção mundial da Peugeot decidiu dobrar a produção do 2008, a 10 mil/mês. Decisão motivada por ultrapassar o Nissan Juke, ex líder do segmento de utilitários esportivos pequenos. Sobre o Peugeot 208, será nacional no segundo semestre.

História – Argentinos descobriram ter dinastia de produção de automóveis, a família Bucci, que desde a primeira década do século passado faz carros de corrida e de pequena série. Pablo Bucci, tetraneto do pioneiro Domingos inicia projetar re leitura do Bucci Special, de 1953, projeto de pequena série, de seu avô Clemar, piloto de Fórmula 1.

? … - O Special foi baseado num Alfa 2500S, em quatro unidades e única sobrevivente, revivida por Nestor Salerno, mago exumador de San Torquato, Argentina. Era mescla de conceitos estéticos da época, em Aston Martin DB3S, Ferraris Mondial, Testa Rossa, Monza e Alfa Disco Volante. Ganhou prêmio em Pebble Beach em 2005. Terá estrutura tubular em Mannesmann sem costura, 50 mm, carroceria moldada à mão em alumínio, à base de quatro unidades/ano.

Bucci reviverá o Special. Única indústria automobilística centenária do Hemisfério Sul

Bom negócio – Melhor benefício em relação ao custo são as últimas unidades do Citroën C4 Pallas, de produção encerrada e estoque remanescente. A R$ 49.900, pacote imbatível. Taxistas deveriam aproveitar a ocasião.

Faz um 21 – Em nova campanha da Peugeot para vender as linhas 308 e 408, e modelos Premium com entrada e juro zero  em 24 ou 36 prestações, a atriz Cleo Pires faz graça. No anúncio seu número de celular aparece e, se alguém ligar, ouvi-la-á em mensagem dizendo não atender por estar em revenda Peugeot aproveitando a oferta.

Elétrico – Governo do Rio de Janeiro, interessado, Renault-Nissan, detentora de expertise, e Petrobras Distribuidora assinaram protocolo para produzir veículos elétricos no Rio de Janeiro.

Brasil – Já se disse, na esculhambação brasileira, prostituta tem orgasmo; gigolô se apaixona; bicheiro joga no Bicho, traficante se vicia … por aí. Coerente, a Petrobrás, empresa de petróleo, distribuir a concorrente energia elétrica.

Alegria – Sorrisos no Salón com a possibilidade de serem reatadas negociações entre Brasil e Argentina para acertar a comum balança comercial de veículos e peças, com aprovação automática das listas de peças.

E se foi o Froilán, o Gordo, Pepe, El Toro, Cabezón, …
Tantos apelidos quanto os lados de sua personalidade, José Froilán Gonzales, argentino, passou domingo passado aos quase 91. Titularmente uma das estrelas das competições no país vizinho, integrante de sua equipe internacional. Primeiro vencedor num Grand Prix, conduzindo Ferrari, tendo atrás de si outro argentino, o penta Juan Manoel Fangio, com Alfa Romeo 158, então imbatidos no campeonato.A vitória significou inscrever a marca dentre as competitivas, e superar a Alfa, berço do depois     Comendatore  Enzo e seus automóveis. Froilán também venceu, com Ferrari 375 as   24 Horas de Le Mans  – e delas conduziu 17. Integrou a equipe argentina, correu na Europa por 9 anos, foi 2º colocado na temporada de 1954, com Fangio campeão.

Era um sedutor por gestos, conversar, contar anedotas. Disposto a tudo, presença fácil. Pedi um encontro com ele e nos recebeu, fui com o time de cinegrafistas da Fiat, gentil em fazer o trabalho, o jornalista José Luiz Vieira, decano no Brasil – a entrevista está presa no acervo do hoje judicialmente lacrado Museu Nacional do Automóvel. A todos encantou, mostrou troféus, miniaturas, lembranças do rico passado, em seu escritório no terraço de revenda Alfa, lamentou o estado de saúde do tenor Luciano Pavarotti – cultivava relacionamentos mundo afora -, e levou-nos a um café dirigindo impecavelmente. Sobre a vitória em Silvestone perguntei qual era a mágica de pilotar num circuito desconhecido, em carro de segunda linha, equipe sem recursos, e liderar seu guru, líder do campeonato, com carro imbatível, como era o AR 158, vencedor desde o início da temporada. Ajeitou o sempre presente echarpe e, iniciou com a frase que marcava contar histórias: “- Você não imagina, garoto … Creio, a maior provocação foi a grande dor de barriga que tive minutos antes de largar. Saí do carro, correndo peguei um jornal de um ingles, entrei no primeiro banheiro que vi. Era o feminino. Voltei ao carro, suando. Creio, ganhei com medo de ter outra crise dirigindo e sem nada poder fazer … “ .
Tinha tratamento reverencial na Ferrari, pelo início das vitórias, por integrar o time, por manter respeitosa e descompromissada amizade com o Comendador por toda a vida. A matéria de capa do sítio da Ferrari foi sinteticamente amistoso: Adeus Cabeção.
Foi o ultimo representante e vencedor da época romântica das corridas. Simples, sem se deixar asfixiar pelas glórias, palavra fácil, amizade, presença que nunca o tirou da mídia mesmo cincoenta anos após suas conquistas.
Froilán  com Fangio. Grande, pesado, cabeça grande, dirigia com brio.





Nenhum comentário:

Postar um comentário